quarta-feira, 4 de junho de 2014

#Dicas:Quer começar a andar de moto? Pense bem.

Principais perigos  ao iniciar a usar uma motocicleta: inexperiência, desatenção e excesso de confiança. Motos exigem 100% de atenção dos condutores.

Com a situação caótica do tráfego nas ruas brasileiras, é muito comum ouvir as pessoas dizendo que desejam trocar o atual meio de transporte por uma motocicleta.
“Não aguento mais o trânsito desta cidade. Levo horas para ir e vir do trabalho, entalado no meu carro. Acho que vou comprar uma moto...”.
“Hoje fiquei plantada mais de uma hora esperando o ônibus. Quando ele chegou, estava lotado. Tive de esperar dois passarem para conseguir entrar. Acho que vou comprar uma Biz...”.
“Estou perdendo a hora de entrada no trabalho frequentemente. Mesmo saindo cedo e usando o metrô, minha pontualidade foi para o espaço. O metrô está sobrecarregado. Acho que vou comprar um scooter...”.
Estas frases estão na boca de muitos nas grandes cidades brasileiras. A má qualidade ou até mesmo a total ausência de serviços públicos decentes alimenta os sonhos de muitos de conquistar a liberdade que só o transporte individual proporciona. Entre estes, moto, motoneta ou scooter estão entre os mais econômicos em todos os aspectos, principalmente no que diz respeito ao tempo: nenhum outro veículo leva do ponto A ao B com tanta rapidez e agilidade.
Começar a andar de moto não é simples
Em um passado nem tão distante assim, a motocicleta era apenas uma alternativa de lazer, escolha de uma minoria fascinada por um estilo de vida livre associado à incomparável sensação que oferece rodar sobre duas rodas impulsionadas por motor. Ter uma motocicleta garantia a entrada para uma exclusiva confraria, gênero de “eleitos” que ao parar no semáforo se cumprimentava com um aceno de cabeça ou um toque de buzina, festejando a cumplicidade da escolha. Hoje tudo mudou: na última década foram despejadas cerca de 15 milhões de motos em nossas ruas. O romantismo cedeu lugar ao aspecto prático do veículo.
Quando alguém me arremessa um “cansei do trânsito, vou comprar uma moto, que moto eu compro?” Não esperam uma simples resposta. Querem mais, que eu lhes diga qual moto comprar, quais as vantagens de um ou de outro modelo, o que vale mais a pena e etc.
Se é uma pessoa que não conheço, o discurso é generalista, aberto com uma questão: você vai usar a moto para quê? A partir da resposta, sugiro o que considero melhor no aspecto prático, ou seja, a moto certa para a finalidade certa. A função define a forma, Bauhaus na veia, nada mais óbvio.
Mas, e quando é um amigo ou amiga que me pergunta, pessoa que conheço bem? A coisa complica. Muitas vezes sou cruel e digo, na lata, que não é o caso: melhor continuar andando de carro, ônibus ou metrô. E por que tal malvadeza? Como eu, um convicto motociclista, adorador confesso de qualquer coisa que se mova sobre duas rodas empurrada por motor é capaz de renegar tudo isso?
Explico: conhecer os amigos é um dever e assim sei que, infelizmente, há alguns deles (ou algumas delas) que apesar de excelentes pessoas, simplesmente não nasceram para pilotar uma motocicleta.
Me desculpem os que vestirão a carapuça, apunhalados pelas minhas considerações, mas aos distraídos, à aqueles cuja habilidade ao levar de bicicletas a carros é escassa ou mínima, aos arrojados demais e também para os que enxergam motos & assemelhadas unicamente como míseros vetores para ir do ponto A ao B e ponto, costumo prever uma relação traumática, literalmente. E portanto, desaconselho.
Motos – já escrevi isso antes por aqui – exigem 100% de concentração 100% do tempo quando as pilotamos. Aliás, não é a toa que se usa comumente o verbo “pilotar uma moto” e não “dirigir uma moto“. É um meio exigente que cobra muito caro inabilidade e distração, no qual qualquer acidentezinho banal dói muito. Ah se dói...

Falta de atenção
Paulo (nome fictício) é meu amigão há mais de uma década. Quando dirige automóveis gesticula, olha para o passageiro a cada comentário que faz e mesmo quando está só ele confessa que não se dá paz: é celular, rádio, cd-player, cigarro... tudo é motivo para dispersão. Olhar para frente que é bom, pouquinho.
Não é de correr e nem chegado a acrobacias ao volante, mas já perdeu a conta das vezes que bateu – sempre de leve – seu carro. Para mim, é certo que Paulo tem grande chance de se dar mal se migrar do volante para o guidão. Ele não atura mais os congestionamentos mas esse seu retrospecto atormentado e distraído o confina às quatro paredes do carro.

É necessário habilidade
Já Ana está cansada de ser abusada pela má qualidade dos ônibus que pega todo dia. Um carro? Fora de suas possibilidades financeiras. A moto seria ideal mas Ana mal aprendeu andar de bicicleta. Para piorar, o trajeto de sua casa ao trabalho é coalhado de vias expressas, e nas raras vezes que o trânsito anda... anda rápido demais! Sendo assim, a não ser que ela se reinvente, se submeta a uma lavagem cerebral e um longo (e nem sempre bem sucedido) período de aprendizado ao guidão, melhor admirar as motos de longe ou, quando muito, frequentar uma garupa.

Excesso de confiança
Gustavo por sua vez é o oposto de Ana, habilidosíssimo. Corria de bicicross quando criança e ao volante faz o gênero malabarista, arriscando sempre mais do que deve. Desconsidera solenemente que os outros a sua volta não são tão talentosos, não tem o domínio de veículos que ele tem. Motos para um cara assim são uma faca de dois gumes: podem fazer nascer um astro do motociclismo – o que é raro – ou, mais comumente, resultar em um inimigo da sociedade, o tipo do motociclista que não ajuda à imagem da categoria e que... pode machucar muito, a si mesmo e à outros.
Tais exemplos são exageros que escolhi para dar um recado importante, uma mensagem que basicamente pedirá para que você coloque em prática seu autoconhecimento: antes de optar pela motocicleta olhar no espelho e fazer uma “hora da verdade”, considerando suas habilidades, características pessoais e necessidades. E ao final disso tudo, honestamente, você poderá optar (ou não) largar o carro em casa, dar uma banana para o motorista de ônibus ou dizer adeus à “pegação” na plataforma de metrô dia sim outro também.
Escolher a moto como seu meio de ir e vir pode significar trocar atraso e mau humor por qualidade de vida. Poderá fazer você, no fim do mês, verificar feliz da vida o quanto sobrou de tempo e de dinheiro no seu bolso para você gastar como bem entender. Porém, tomar esta atitude com consciência é essencial.

Fonte: Roberto Agresti - Especial para o G1

Foto Confraria dos Lobos: Aconcágua, 2013.

Desejamos bons ventos!

terça-feira, 3 de junho de 2014

#Dicas: Moto x frio, que cuidados tomar?

Fique atento:
No frio, moto necessita de cuidados para não se desgastar, motor precisa aquecer antes de ser submetido à esforço. Temperatura baixa pode alterar reflexos dos motociclistas.

Em boa parte do Brasil, especialmente nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, a chegada do outono traz consigo uma significativa queda nas temperaturas. É a época de tirar do armário o equipamento mais pesado para andar de moto sem problemas.
O frio, como todo motociclista sabe, é um inimigo perigoso para a saúde e também para a segurança. Depois de um certo tempo pilotando com a temperatura do corpo baixa, os reflexos ficam lentos, o raciocínio é afetado e perdemos o necessário “jogo de cintura”. Neste contexto, cometer erros acaba sendo algo provável até mesmo para os mais habilidosos ou experientes ao guidão.
Como escapar dessa armadilha? Óbvio: vestir-se adequadamente, com trajes técnicos dotados de proteções, e com forros removíveis, item que pode fazer muita diferença.
No outono é normal fazer frio de manhã bem cedo e no fim da tarde, enquanto no restante do dia a temperatura pode estar agradável.
Desse modo, as jaquetas e calças com forros removíveis são a melhor solução.
Geralmente os forros que sobram nas horas quentes cabem em uma pequena mochila. Um volume a mais, é certo, mas este é o método certo para evitar o frio matinal e do fim da tarde, e que você “cozinhe” dentro da roupa nas horas quentes do dia.
Moto necessita de cuidados
Porém, e sua moto? Será que ela exige cuidados maiores nesta estação caracterizada por uma grande variação térmica? A lição de casa da manutenção bem feitinha é uma das chaves do sucesso para não ter problemas, mas há outras dicas também.
Motos pequenas, geralmente refrigeradas a ar, alcançam rapidamente sua temperatura de exercício ideal. Honda CG, Yamaha Factor e suas colegas monocilíndricas de qualquer marca têm motores extremamente robustos, que admitem maus tratos sem problemas.
Dispositivos eletrônicos se encarregam de adaptar a ignição e a mistura ar-gasolina para encarar os primeiros quilômetros a frio sem engasgos e soluços. Mas o óleo lubrificante demanda certo tempo para conseguir não só alcançar sua temperatura ideal de funcionamento, como atingir todas as partes do motor.
Depois de algumas horas parado, um motor esfria, e o óleo escorre para o cárter pela ação da força da gravidade. Algumas partes ficam praticamente a seco de lubrificante. Isso ocorre especialmente no cabeçote, onde está o comando (ou comandos) de válvulas e todo o sistema de distribuição de um motor. É uma zona delicada, cheia de pequenas pecinhas sensíveis.
Apesar da tremenda evolução na qualidade dos óleos e os aditivos neles contidos formarem uma película protetora – justamente para evitar o acentuado desgaste que um motor frio poderia sofrer se acelerado demasiadamente – os primeiros momentos de funcionamento de qualquer motor são sempre críticos.
O que fazer? Nada de muito exótico: primeiro de tudo trocar o óleo e o filtro seguindo religiosamente os prazos indicados pelo fabricante, assim como usar lubrificante de qualidade, com a especificação correta. Porém, fará uma baita diferença você dar ao motor ao menos um minuto ou dois de funcionamento antes de submetê-lo a esforço – ou seja, sair andando. Isso fará com que o óleo circule adequadamente, tendo tempo para alcançar todos os componentes.
Após esse pequeno tempo dado para o motor “acordar“, uma vez rodando espere ao menos alguns outros minutos – algo entre cinco ou dez já serão o suficiente – antes de elevar a rotação. Em baixos giros o estresse mecânico é bem menor que quando a agulha do contagiros está passeando perto da faixa vermelha. Assim, deixe o motor esquentar girando calminho, condição em que o desgaste interno será mínimo mesmo se o óleo estiver frio e, portanto, ainda denso demais.
Motos maiores, com motores mais sofisticados, exigem ritual semelhante – na verdade, ainda mais cuidadoso. Como comentado, os pequenos motores monocilíndricos de 125 ou 150 cc refrigerados ar são espetacularmente robustos e admitem maus tratos. Já um tetracilíndrico como, por exemplo, o de uma Honda Hornet ou Yamaha XJ6 são engenhos mais sofisticados, dotados de um número infinitamente maior de peças móveis e uma capacidade de alcançar altas rotações muito superior.
Além disso, em vez do ar, a refrigeração é líquida: por conta disso, é ainda mais importante seguir as regras de boa manutenção: usar bons fluídos, lubrificantes, trocas frequentes e... um procedimento atento no aquecimento antes de acelerar para valer.
Desgaste vem com o tempo
O que acontece se nada disso for feito, ou seja, ligar um motor gelado e sair acelerando feito um maluco? Em um primeiro momento, nada: o progresso obtido na qualidade dos lubrificantes atuais quanto na metalurgia e na engenharia aplicada aos motores (especificação de materiais, tolerância nas folgas e tratamentos químicos aplicados às superfícies), deixou os motores modernos ultra resistentes aos maus tratos.
Um motor frio dificilmente vai quebrar se acelerado a fundo. Mas, se esse for um padrão de utilização, todo dia essa mesma tortura, há grande chance de ele durar bem menos do que um motor aquecido cuidadosamente.
Então, olho vivo! O tempo esfriou? Tanto você quanto a sua moto vão funcionar melhor, e por mais tempo, se a temperatura correta de funcionamento do corpo e da mecânica for respeitada adequadamente.
Fonte: Texto de Robeto Agresti para o G1.


Foto de Confraria dos Lobos: Atacama 2013.

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Desejamos bons ventos!

segunda-feira, 2 de junho de 2014

#Dicas: Buzinar pode dar multa e não faz o carro à sua frente 'derreter'.

Se carro muda de faixa na sua frente, não há freio nem barulho que salve.
Motociclista deve se equipar e reduzir velocidade no congestionamento,
Roberto Agresti
Especial para o G1


A cena é comum nas grandes cidades brasileiras: a moto avança, rápida, no corredor formado pelos carros quase parados. Com ela, vem o irritante ruído da buzina, acionada pelo condutor da motocicleta como se fosse uma sirene de ambulância, brutalizando os ouvidos e a paciência de quem já tem bem pouca.
Quem usa esse ruidoso método costuma justificá-lo pela necessidade de ser percebido e para evitar as clássicas “fechadas” de consequências imprevisíveis, quase sempre graves. Mas quem adota essa medida de segurança certamente desconsidera que, agindo assim, comete uma infração passível de multa (R$ 53,20, três pontos na carteira) prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Em seu artigo 41, ele define que o condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, "desde que em toque breve", nas seguintes situações:
I - para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes;
II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo.

Já o artigo 227 relata as as circunstâncias passíveis de multa:
I - em situação que não a de simples toque breve como advertência ao pedestre ou a condutores de outros veículos;
II - prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto;
III - entre as 22h e as 6h;
IV - em locais e horários proibidos pela sinalização;
V - em desacordo com os padrões e frequências estabelecidas pelo Contran.
Ainda não inventaram buzinas com o dom de desmaterializar obstáculos à frente
A habilidade vinda de décadas ao guidão até que me permitiria rasgar o fiorde de veículos bem maiores do que o meu em velocidade, porém, minha central de controle – o cérebro – me impede. Não é uma questão de simples medo, mas sim de conhecimento, raciocínio e lógica.
Sei bem que bastaria apenas um carro ameaçar mudar de faixa à minha frente para que o desastre potencial se realizasse. Não haveria habilidade ou freio capaz de me salvar, e tampouco inventaram buzinas com o dom de desmaterializar obstáculos à frente.
Na melhor das hipóteses uma motocicleta nova exige de 15 a 20 metros para parar quando freada a 60 km/h em piso seco e perfeito. Um tombo decorrente de uma eventual perda de controle nesta delicada fase da descaleração de emergência, a frenagem “estilo pânico”, seria o menor dos problemas. Sem obstáculo à volta e com o motociclista devidamente trajado – bota, luvas, calça e jaqueta com proteções e o capacete – a chance dos ferimentos serem mínimos é grande.
O problema mais grave é outro: bater com força no que for. E, concordem, rodar a 60 km/h no meio de um mar de veículos conduzidos por gente estressada é dar muita chance para o azar, elevando a níveis intoleráveis a probabilidade de um choque.
Buzinar incessantemente virou, assim, uma fórmula adotada por alguns que, me desculpem, carecem de total lógica como exposto acima. O que resolveria é, segundo outros, radicalizar, simplesmente proibir a circulação de motos no chamado corredor como já ocorre em alguns países.
De minha parte considero que tal medida seria inadequada e excessiva, resultando em problemas de ordens diversas, entre os mais significativos a dificuldade de fiscalização associdada à natural resistência de quem usa a moto, que resultaria em mais uma situação de desobediência civil. Mais uma “lei que não pega”.
Tirar da moto, por decreto, sua melhor qualidade, a agilidade, é simplificar demais o problema
Tirar da moto, por decreto, sua melhor qualidade, a agilidade, é simplificar demais. Equivale a proibir a fabricação de armas para evitar assassinatos ou a bebida alcoólica para evitar os porres e suas más consequências.
A primeira e mais óbvia solução seria promover uma forte campanha de concientização envolvendo todas as mídias, destacando que a velocidade das motos nos corredores não pode superar um máximo de 20 ou 30 km/h quando há congestionamento.
E, para os motoristas, haveria a efetiva contrapartida, com outra campanha, estimulando a atenção na mudança de faixa, sempre precedida pela devida sinalização, de braço ou de pisca-pisca, como manda a regra. Nada de muito estranho, não? Seria simplesmente seguir leis já existentes e estabelecer um pacto de não beligerância: motos mais devagar, motoristas mais atentos.
Gentileza
A agressividade presente na condução de qualquer meio de locomoção, seja de duas, quatro ou mais rodas é um destacado traço negativo da sociedade brasileira, e que contrasta com a propalada cordialidade de nosso povo. Atrás de um guidão ou volante, o carro a nossa frente é o "rival" a ser derrotado (ultrapassado) e a moto ao nosso lado é a ameaça que devemos eliminar. Maluco, não?
Dirigir qualquer tipo de veículo por ruas e estradas da Europa, América do Norte e de alguns países da Ásia como Japão é Coréia do Sul é uma experiência e tanto para nós brasileiros. Invariavelmente ficamos maravilhados pela diferença brutal com a nossa realidade. Lá, mesmo quando o trânsito é intenso, há uma cadência suave, um ritmo calmo, e respeito tanto às leis quanto aos outros condutores de qualquer tipo de veículo.
Motocicletas permitem mais mobilidade que automóveis, mas cobram o preço em forma de risco. O guidão nem sempre é acessível a todos por conta da habilidade e despreendimento que demanda. Mas seja quem anda de moto ou quem prefere o carro para se locomover deveria sempre lembrar do mote tornado famoso pelo “Profeta Gentileza” , espécie de maluco beleza que habitou as ruas do Rio de Janeiro entre os anos de 1970 e 1990: “gentileza gera gentileza” era sua frase principal, escrita em muros, pilares, onde quer que fosse. Ela sintetiza a mais óbvia das soluções para diminuir o clima de guerra temperado por fechadas, freadas e buzinas.




Boas estradas!

#Eventos: Confraria dos Lobos no Salão Duas Rodas 2013.



Texto escrito para a revista MotoMercado, edição de Abril de 2014.


Participamos do Salão Duas Rodas 2013.  E, pela primeira vez, tivemos a impressão do expositor, dos bastidores e como aquele pavilhão de 110 mil m² se preparou, diariamente, para receber os 261.352 visitantes que circularam durante os seis dias de exposição.

   Estamos falando do back-stage do maior evento de duas rodas da América Latina. Verificamos que o pavilhão esteve cheio todos os dias, mas, lotou mesmo na sexta e sábado – como era de se esperar – com um público muito eclético (no estilo de vestir-se, no modelo de moto, na idade) e, algo que nos chamou muito a atenção, foram as famílias. Incrível a quantidade de crianças e pessoas idosas – digo isto, por não serem clientes diretos do motociclismo - participando do evento, curtindo com suas famílias num passeio de final de semana. 



   Um dos fatores que contribuiu para este clima de ´passeio no parque´ foi que o Salão 2Rodas não se resumiu aos estandes. Houve também atividades interativas entre produtos e o público visitante. Não houve aquela determinação antipática de NÃO PODE SENTAR ou  POR FAVOR, NÃO PONHA AS MÃOS. 
   Afinal, os fabricantes notaram que os brasileiros são sensitivos. Querem tocar, subir na moto, enfim, sentir-se pilotando.  Então, aproveitamos o Touch-Free, é claro...   



Outro atrativo foram test-drives oferecidos pelas montadoras que permitiam aos presentes uma voltinha em seus sonhos.  E, para aqueles que não gostam de se arriscar, os estandes para fotos acrobáticas, até nos davam asas a imaginação. 



   Atração também foi a exposição de veículos antigos organizada pela Federação de Moto Clubes de São Paulo. Para as crianças o espaço Kid Cross. Duas minimotos e um quadriciclo fizeram a festa da gurizada.

   Além disso, eventos no sambódromo do Anhembi, como o Jorge Negretti Motocross Show, dando um espetáculo de freestyle durante todos os dias do evento. Bem como, o Campeonato Brasileiro de Freestyle/Desafio Internacional. 
   
   Para ter-se uma idéia da extensão do Salão, havia 516 motocicletas expostas, além de acessórios, peças, equipamentos, produtos e serviços de 450 diferentes marcas.



   Isso tudo exigiu um pequeno exército de 12 mil profissionais (quantidade estimada pela organização), direta ou indiretamente, ligados ao evento.    



Foi muito interessante ver este pessoal de limpeza, manutenção (elétrica, hidráulica, mecânica), montagem/desmontagem, design´s, segurança, pessoal de logística, restaurantes e tantos outros trabalhando naquele espaço vazio, antes ou depois do período de visitação. E, em seguida presenciar os portões serem abertos para receber o público.  Como estivessem se preparando para dar um espetáculo. Que na verdade foi um show de competência e agilidade.



   O período da manhã era aproveitado para organizar o estande, repor o estoque de produtos, fazer o balanço do dia anterior e planejar o dia presente. 

   Então mãos a obra! Embala, guarda, desembala, pendura, conta, avalia, arruma as vitrines e se prepara para a  ´atividade´.



Eu pensava:
_ ´As pessoas não têm ideia do aparato, nem da mão-de-obra que dá manutenção, organiza e limpa este espaço`. 

    Os portões fechavam às 22 horas, então surgiam – como formigas – e num instante, pilhas de caixas, sacos plásticos, papelão, latas, garrafas e demais resíduos eram recolhidos, enquanto outro grupo já tratava de ´dar destino´ aquele monte de lixo. Lâmpadas trocadas, carpet´s lavados, estoques reabastecidos pela Turma da Madrugada.
    Muito interessante era ver, ao final da manhã, a chegada daquelas top-model´s sem maquiagem, ainda, totalmente normais.   
    Pessoalmente, acho que no camarim havia um grande SCANNER onde as modelos eram digitalizadas, construídas no Photo Shop e, depois de aditivadas com maquiagem, salto alto e ´embaladas á vácuo´  naquelas roupas, eram devolvidas ao mundo real. 
  Inclusive, aposto na existência de uns tubos de oxigênio, para que pudessem voltar a respirar quando saíssem dos casulos.



    Entre os expositores há diversas intenções. Alguns vão pra, simplesmente, vender seus produtos. Outros buscam contatos para futuros negócios e/ou representantes, revendedores autorizados e fornecedores.
   Não é a toa que o Salão 2Rodas é considerado uma feira de negócios. E, pela sua amplitude, verificamos que a notoriedade no mercado motociclístico é uma das metas dos expositores. Talvez, seja a meta mais lucrativa resultante deste evento. 



Há também a avaliação do produto pelo mercado e seus clientes. Os estandes podem ser reconhecidos como um grande Serviço de Atendimento ao Consumidor tirando dúvidas, dando assessoria, recebendo sugestões e reclamações. Enfim, um laboratório de análise de mercado de um produto, em busca de feedback de seus clientes.



   Do prisma empresarial, o Salão 2Rodas é um link entre fabricantes, clientes e outros stakeholders da indústria de motocicletas, bem como, produtos derivados de sua cadeia produtiva. 
   Para os visitantes não motociclistas, uma grande feira para passear com a família e assistir shows artísticos.
   Como motociclistas, classificamos o Salão como um grande ponto de encontro para várias tribos pacíficas e libertas. Independentes de marcas, cilindradas e/ou estilos. Cada um na sua!.

  Tribos compostas por apaixonados por motos. Simples assim.


Lobo/Edna