sexta-feira, 22 de agosto de 2014

# Viagem:Termas de Arapey e Dayman, Uruguai.

Neste ano (2014), contamos apenas com 14 dias de férias.
   O quê fazer e aonde ir em 14 dias?
   Não dava pra ir muito longe, mas, isso não é motivo pra não viajar. Precisávamos descansar. Queríamos um lugar com boas estradas, perto, tranquilo e bonito para passarmos o Natal e Reveillón. Havia uma região no norte do Uruguai que ainda não conhecíamos. 
   Pesquisando sobre a região descobri a Serra de Penna com fazendas de criadores de cavalos e uma das poucas regiões de altitude daquele país. Além disso, há dois rios – principais – que cortam, enfeitam e dão nome as cidades de Arapey e Dayman que merecem ser fotografados.
  E para decidir nosso rumo, as Thermas del Uruguay. Estas Termas surgem dos poços do Aquífero Guaraní, que também prove de águas termais as regiões próximas do Brasil e da Argentina. As águas de Arapey reúnem condições ideais para aplicação medicinal e tratamentos terapêuticos, com propriedades sedativa estomacal, diurética e cicatrizante. Um estudo realizado, sobre estas propriedades revela que, do ponto de vista físico químico, contém iodo, ferro, cálcio, magnésio e flúor. Não tem arsênico e é pobre em sulfatos e nitratos, ainda, de radioatividade evidente e permanente. Isso tudo a uma temperatura média anual de 39°C.
   Achamos o que procurávamos! Tranquilidade, Sombra e ´ÁGUA FRESCA´  -  mas quentinha!
   Partimos de Florianópolis direto a Porto Alegre pela BR101, e, de Porto Alegre a Rosário do Sul pela BR290. 
  Um dia de calor intenso (acima dos 38°C) nos desgastou muito, por isso decidimos pernoitar em Rosário do Sul/RS
   Chegamos ao fim da tarde, com tempo para um banho de piscina, jantar cedo e organizar o dia seguinte.    Para quem nunca viu. Quarto de hóspede motociclista é diferente. Mas, NORMAL...



    Logo pela manhã rumamos para Santana do Livramento, no extremo sul do Estado do Rio Grande do Sul utilizando a BR158. Esta região de fronteira é caracterizada por uma forte interação entre os povos que ali vivem. Não vimos em nenhuma outra uma integração tão grande, a título de ser conhecida como ´Fronteira da Paz´.
 Com aproximadamente 190.000 habitantes, vivendo de forma harmoniosa e fraterna a população das duas cidades, falam uma mistura de idiomas conhecido por portunhol riverense. Ou seja, nem o português, nem tanto o espanhol. O importante é que se entendem e se respeitam, e, por sinal, muito bem. Desta forma, ambos se desenvolveram. 
Tenho vontade de convidar o ´pessoal´ do Oriente Médio para fazer um ´estágio´ naquela região. 



    Vai aqui um ´selfie internacional´, onde eu estou no Uruguai e a Edna no Brasil. Quando digo que as fronteiras só existem na `cabeça dos homens´.   Aí está a prova. 
  
   Segundo relato do livro: A História da Praça Internacional, de Nelson Ferreira Moreira, para demarcar a linha da fronteira entre os dois países Brasil e Uruguai, onde não existem cursos de água ou outros acidentes geográficos capazes de servir de referências, as Comissões Demarcadoras optaram por recorrer ao chamado “Divisor de Águas”. Daí a razão da forma irregular que caracteriza a linha limítrofe desta fronteira. 

   O chamado “Divisor de Águas” é a maneira mais justa para estabelecer os limites, pois não prejudica nenhuma das partes interessadas. Uma explicação menos técnica é a de que essa técnica é estabelecida pela própria natureza. Funcionava assim: Quando a água da chuva, ao cair, corre uma parte para cada lado, determina a linha por onde deve passar a fronteira.

Nesta caso porém, ao atingir os subúrbios de Santana do Livramento e Rivera, a Comissão Demarcadora integrada por elementos de ambos países, verificou que não mais poderia manter a sinalização da fronteira pelo divisor de águas, pois, a partir do chamado “Cerro do Caqueiro”, a linha demarcadora invadiria casas, cortaria terrenos e causaria outros problemas de natureza grave para as duas comunidades, uma vez que as construções brasileiras e uruguaias se haviam aproximado demasiadamente. Dessa maneira, um trecho de aproximadamente quatro quilômetros ficou sem definição fronteiriça.

   Este problema só foi resolvido em 1923, ocasião em que foi sugerida a construção de um “Parque Internacional” na área existente entre as cidades, considerada “terra de ninguém”. O Parque Internacional, que pertence aos dois países, constitui-se em um caso único no mundo. 
   
   A inauguração dessa praça, que nasceu para unir a terra e para irmanar brasileiros e uruguaios,   aconteceu no dia 26 de fevereiro de 1943.  Na verdade, esta região é livre, você tem o direito de ´ir e vir´, entrar e sair do Uruguai/Brasil quando quiser. Sem imigração, aduana ou qualquer outra burocracia.

   Belo exemplo para todos os povos deste planeta! 
   A infraestrutura é ótima, bons hotéis, restaurantes, cafés e free-shops. Fomos ás compras, conhecemos a região e encontramos JESUS. 
Isso mesmo! 
  Um grande amigo que não víamos havia muitos anos, gaúcho ´vivente da fronteira´, hospitaleiro que só... ´Seu JESUS´ fez questão de nos recepcionar no hotel, levar até sua casa para revermos sua família, colocarmos a conversa em dia, e ainda, nos ciceroneou pela cidade mostrando praças, prédios históricos e os principais pontos turísticos. Afinal, verdadeiros amigos sempre voltarão a se encontrar, e as viagens nos proporcionam estes reencontros.
  Seguimos viagem. Agora sim, fizemos aduana e imigração para oficializar nossa entrada, pois cortaríamos todo o território uruguaio.



   Nesta viagem testamos os protetores de coluna da HSS Racing. Originalmente usados para trail, mas muito úteis para longas distâncias, pois mantém a coluna ereta (encaixada) impedindo que se curve, diminuindo a fadiga e as dores. Aprovamos sem restrições.   
   Pela Ruta5 fomos até Tranqueras, daí pela Ruta30 – pois queríamos conhecer a região da Serra de Penna - até um trevo onde pegamos uma rodovia local que nos levou até a Ruta4 em  Biassini. Desta localidade, pela Ruta31 chegamos à cidade de Salto.



    Situada no norte do país, Salto é o segundo maior departamento do Uruguai. Aqui ficamos sabendo de uma promoção que havia nos postos de gasolina. Se o cliente pagasse com cartão receberia de volta a quantia referente a um determinado imposto cobrado sobre o produto, tipo o nosso ICMS. Confesso que não acreditei nesta conversa, mas, comecei a pagar com o cartão.
   Acreditem! Era verdade! Recebi, em torno de 18% dos valores, em crédito na fatura posterior à viagem. Desta forma incentivam, não só o uso do cartão de crédito mas, o turismo.  
   De Salto a Arapey a distancia é de 72 quilômetros. E até Dayman, 10 quilômetros. Fomos para a cidade mais perto.

   Dayman estava vazia, pois era véspera de Natal. Podemos escolher o hotel havia vagas em todos, ficamos no La Posta del Dayman, um antigo mosteiro. Ao fechar as diárias, mais uma promoção. Ao adquirir três diárias ganharíamos mais uma. Pronto, quatro dias de águas termais.   

   Tudo muito bom, tudo resolvido, roupas no quarto, banho tomado e ´bateu´ a fome. Saímos para almoçar, e....   e....   Tudo fechado. Inclusive o restaurante do hotel. 

   Noite de Natal lembra?  

   Depois de muito procurar, achamos uma pequena mercearia. Havia queijos, salames, copas, pães e vinhos. _ `Taí nossa Ceia de Natal: Tábua de Frios e Pães regada a bons vinhos uruguaios´. Com início as 16hs e término....      nem sei que horas eram!

  Dia 25/12 feriado. Nem preciso repetir. 

   Para o almoço conseguimos uma pizza. Como nos disse a atendente: _ `Não é como a de vocês brasileiros. Nossa pizza é uma massa alta, coberta apenas com molho salsa (um molho vermelho, agridoce, parece molho de tomate com várias ervas´.  Sendo o que havia, cobrimos a massa e o molho salsa, com o que sobrou da ceia (queijos e frios) usamos o forno do restaurante do hotel e, ´Voilá !`. Uma verdadeira refeição italiana no dia de Natal.

  Chega de descanso! Resolvemos sair para fotografar, de bicicleta, e fizemos umas trilhas nas margens do Rio Dayman e nos arredores da cidade. 




   Para aqueles que gostam e/ou se interessarem por fotos poderão vê-las em nosso facebook.
https://www.facebook.com/confrariados.lobos.

   Acreditamos no poder terapêutico das águas termais, com temperaturas que alcançam os 44ºC, que curam, renovam as energias e transmitem saúde. Sabemos também que somadas às belas imagens das trilhas, ao silêncio e ao contato com a natureza tranquilizam e harmonizam nossa mente ´desinfetando´ o stress. 
   
   Também fizemos passeios pelas cidades próximas: Uma dica é a represa binacional de Salto Grande, onde há a Ponte Internacional que une o Uruguai a Argentina.


   Outra é Bella Union, a Tríplice Fronteira (Brasil, Uruguai e Argentina), vale a pena conferir os preços nos vários free-shops existentes e uma caminhada pela Costanera.



   Dia 29/12, hora de ´levantar acampamento´. Ainda no Departamento de Salto, se situam as termas mais tradicionais e as primeiras a serem exploradas do país. Desde a década de quarenta, Arapey é sinônimo de alta qualidade em serviços turísticos, o que se reflete em seus luxuosos resorts termais. Além de hotéis de alta categoria o complexo conta com várias hospedagens e diversos preços, incluindo camping e cabanas.




   A área é semelhante a um condomínio com infra-estrutura própria, comércio para turistas, restaurantes e claro, piscinas de água quente, um spa e vários parques aquáticos.
 Chegamos dia 29/12 e, já durante o jantar no hotel, fomos convidados para a festa de Reveillón num dos restaurantes da cidade. A organização quanto à limpeza, segurança, comércio e gastronomia é impecável. 

  Aqui descobrimos umas trilhas, numa área de mata preservada, que nos leva ao Rio Arapey, uma estrada de ferro abandonada e a visão de várias espécies de aves e flores. Um show de imagens.




   Desta forma passamos nossos dias, enquanto aguardávamos o Ano Novo. E, ele veio com uma típica ´parrilhada´, novas amizades e uma grande festa ao ar livre com direito a música ao vivo, fogos de artifício e champagne. E, mais uma promoção. A cerveja Zillertal (não conhecíamos, experimentamos e gostamos) oferecia uma cerveja gratuita a cada duas consumidas. 




   O Ano Novo chegou com um espetacular nascer do sol, uma estrada nos esperando, energias renovadas e muita vontade de continuar fazendo exatamente isso. 
  Viajar de moto e contar histórias.
   Saimos de Arapey dia 01/01, pernoitamos em Punta del Diablo/UR e voltamos ao Brasil pela fronteira do Chuí/BR.




Se você gosta de viajar, fique a vontade, sinta-se na estrada...
    Lobo/Edna



Distância:
Florianópolis/BR a Salto/UR  –  1.238 KM.
Tempo de Percurso: 
17 horas – aproximadamente.
Fonte: Google Maps  -   https://www.google.com.br/maps

Pesquisamos em: 
http://www.viveruruguay.com/2012/08/destino-salto.html
http://termasdearapey.com.br/propriedades_agua_termal/71/.html

3 comentários:

  1. Amigo Lobo. Bela viagem. Estou indo dia 26/12/2015 pela segunda vez. Esta questão do "icms" ouvi que era referente alimentação, também vale para abastecimento então?
    Agradeço e se possível, aguardo sua confirmação desta notícia.

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    1. Caro Anderson, obrigada! Sim, recebemos no combustível também. Desejamos uma boa viagem!

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  2. Caro Anderson, obrigada! Sim, recebemos no combustível também. Desejamos uma boa viagem!

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