quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

#Dicas: E os outros?

Você pode ser um dos mais cuidadosos motociclistas da face da Terra, mas na estrada raramente estará só. Outras motos, carros, ônibus e caminhões são obstáculos móveis com os quais você deverá conviver, além dos pedestres e animais que costumam aparecer nos piores lugares e piores horas.
Fundamental é saber se posicionar na estrada.  Sempre que possível, fique longe de veículos maiores do que o seu. Calcule a ultrapassagem para que ela ocorra o mais rápido possível, e que te dê a chance de “sumir” rapidinho. Uma grande besteira é passar um carro ou caminhão e ter que imediatamente frear seja por conta de uma curva ou um outro obstáculo qualquer.
Ver é evidentemente importante, mas ser visto é crucial, e assim fuja de posicionamentos nos quais o motorista não te veja. Como fazer isso? Simples: tente ver o rosto de quem dirige pelos espelhos retrovisores do veículo à sua frente. Se você o vê, ele também poderá te ver.
Uma atitude saudável ao guidão é ser totalmente pessimista, se preparar para que tudo dê errado em todas as situações possíveis. Esse exercício mental pode parecer contraproducente, “chamando azar”, dizem alguns. Nada disso: trata-se apenas de se preparar mentalmente para situações de risco.
“E se depois dessa curva houver um trator atravessando a estrada a 3 km/h?” Esse é um pensamento bom para se ter rodando em uma estrada rural que não são conhece. “E se no topo do ladeirão aparecer um caminhão ultrapassando outro?” Pois é... pensar no improvável (que nem sempre é tão improvável assim) sempre te deixará alerta, e a fragilidade de nós, motociclistas, face aos outros meios de transporte não é algo contestável, mas um fato a ser sempre lembrado.
Uma das mais simples recomendações é sempre rodar seguindo o rastro dos pneus do veículo que vai à sua frente, especialmente se este for grande e não te permitir enxergar a pista adiante dele. Rodar atrás de um caminhão, bem no meio dele, pode lhe trazer uma surpresa sob forma de um obstáculo qualquer que quem vai à frente simplesmente preferiu “sobrevoar”.
Outros veículos geram turbulência
Um susto que atinge os novatos que encaram estradas ao guidão, especialmente de motos pequenas, é a “parede” de ar turbulento encontrada ao ultrapassar veículos de grande porte. Quanto maior a velocidade, maior será a turbulência, e não há nada de muito especial a fazer a não ser se preparar para a chacoalhada, mantendo o guidão firme nas mãos, os joelhos pressionando o tanque e pés apertando a moto como as botas de um peão de rodeio fazem no cavalo chucro.
Empurrar levemente a ponta direita do guidão (quando a ultrapassagem é como manda a lei, pela esquerda) também ajuda, mas isso tem de acontecer de maneira coordenada, no exato momento em que você entrar no turbilhão, e por um breve instante, só para compensar o empurrão que em caso extremos pode fazer sua trajetória se alterar um metro ou mais se você estiver vacilão sobre a moto.
E se chover?
A tática de seguir o rastro de pneus alheios é também especialmente recomendável em pista molhada, já que isso fará com que os pneus de sua moto encarem uma camada de água certamente menos espessa do que o caminho fora do “trilho” deixado pelo veículo à frente.
Todavia, essa técnica demanda bom senso: em pista molhada, motos em geral freiam em espaços maiores que carros, e isso exige manter uma distância de segurança ainda maior que no piso seco. Outro problema é o spray de água levantado pelos pneus dos veículos à frente, que obriga à uma avaliação da distância na qual você pode conciliar a melhor visibilidade possível com a chance de seguir o tal trilho dos pneus.
Objetos 'voadores'
Do mesmo modo que é importante prestar atenção no piso, seguir trilhas já “pisadas” por outros pneus, é preciso estar alerta ao que vem pelo ar, seja ele saído de caçambas de caminhões, de janelas de ônibus ou carros. Voa de tudo na estrada, boa parte arremessada por gente que desconhece regras de educação e desconsidera a fragilidade de um motociclista.
Estar atento é o único modo de se safar de detritos. Uma latinha de cerveja batendo nos seus dedos a 80/km, uma bituca de cigarro entrando pela fresta de sua viseira ou, em caso extremo, a brita de um caminhão basculante te metralhando são outros exemplos de acidentes que podem acabar com sua viagem em segundos
Evite a noite
Pilotar à noite é algo para se evitar. Sua visão e seus faróis podem ser impecáveis, mas é inegável que a vantagem de haver menos tráfego não é compensada pela visibilidade limitada. Busque tornar esses episódios de tocada noturna mínimos, mas se for realmente inevitável, ligue seus sentidos no nível máximo, inclusive o olfato: mais de um já escapou da armadilha do óleo diesel derramado na pista por caminhões abastecidos de maneira excessiva simplesmente porque sentiu o cheiro característico deste combustível.
Adotar uma postura vigilante e ativa na estrada tornará a viagem, curta média ou longa, mais segura. Prever problemas, sentir qual o melhor comportamento de sua moto, praticar a pilotagem defensiva e conhecer algumas técnicas básicas de condução fará você aproveitar melhor a paisagem e a convivência com sua moto, e certamente resultará em uma viagem melhor.




Fonte: Por Roberto Agresti  para o G1 - Extraido do texto: Viagem de moto requer atenção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário