sexta-feira, 30 de maio de 2014

# Dicas: Descubra se você precisa mesmo de uma moto maior.

“Mais é melhor” ou “menos é mais”? No que diz respeito a motocicletas, tanto um quanto outro pensamento podem ser verdadeiros. Tudo depende de uma única e sincera resposta à pergunta: para que você usa (ou vai usar) sua moto?
O mercado brasileiro é grande, o quinto do planeta. Chegou a esse patamar por causa do sucesso das motos de baixa cilindrada, que formaram um parque circulante que, em 2013, superou a marca dos 20 milhões de veículos. Agora, a indústria motociclística instalada no país se prepara para atender à demanda de quem acha que a sua fase ao guidão das pequenas 100, 125 ou 150 cc já se encerrou.
Para os motociclistas que desejam subir na vida e alcançar o “mais é melhor”, o próximo degrau são as 250-300 cc, que, em termos de tamanho e peso, não se distanciam muito das mais básicas e populares motos vistas nas ruas. Quanto à potência, elas oferecem uma nova perspectiva, porém engana-se quem imagina que as 250-300cc, tendo o dobro de capacidade cúbica no motor, oferecem um aumento equivalente em velocidade máxima ou capacidade de aceleração. Na verdade, as motos dessa faixa têm como principal vantagem a reserva de potência capaz de torná-las mais seguras que as 125-150 cc em uma ultrapassagem, por exemplo, que pode ser feita de maneira mais rápida e eficiente. Com elas, também é mais fácil acompanhar o fluxo em avenidas de trânsito rápido e em rodovias, sem precisar espremer o motor até o limite.
A maior potência e aceleração das 250 e 300 cc as obriga também a oferecer melhores freios. Em relação ao peso e à dificuldade de pilotagem, elas permanecem bastante acessíveis mesmo para condutores com pouca ou nenhuma experiência. Com relação aos custos de exercício – consumo e manutenção periódica –, o nível é próximo aos das motos menores e mais básicas, já que em sua grande maioria os motores são os robustos, confiáveis e ainda muito econômicos monocilindros (com apenas um pistão).
Durante muitos anos, entre as motocicletas dessa faixa (os modelos mais conhecidos são as Honda CB 250 e 300, Yamaha Fazer 250 e as trail Yamaha Lander 250, Honda XRE 300 e Falcon 400), e as da faixa seguinte, as 500 ou maiores, havia um enorme buraco. A oferta mais farta era de modelos importados e, consequentemente, mais caros. Tal degrau enorme de preço fazia com que muitos motociclistas que desejavam ou precisavam de uma moto maior deixassem de optar por uma zero km, e fossem obrigados a resolver-se na incerteza que a compra de uma motocicleta usada sempre representa.
Atenta a essa situação, a indústria nacional está se adaptando e novos modelos começam a chegar nas revendas. São motos de motores de capacidade cúbica acima de 400 cc, com motores bicilíndricos (com dois pistões em paralelo ou em outra forma de arranjo), e, muito importante, custando abaixo de R$ 25 mil.
Até bem pouco tempo atrás, quem desejasse uma moto nova, montada no Brasil e respaldada por uma consistente rede de concessionárias autorizadas, não tinha praticamente nada para escolher na faixa de preço superior aos R$ 15 e 18 mil e abaixo dos R$ 30 mil. Essa perspectiva começa a fazer parte do passado, especialmente, por conta do lançamento de um trio de 500 cc da Honda, motos que compartilham do mesmo motor bicilíndrico com potência acima dos 50 cavalos. As mais potentes 250/300 cc de um só cilindro estacionam em menos de 30 cavalos.
Para os que desejavam um salto qualitativo importante, sem ultrapassar a cifra dos R$ 25 mil (valor que já permite comprar um tentador automóvel básico zero km), a família formada pela estradeira CB 500F, a esportiva CBR 500R e a crossover CB 500X significa tecnologia, performance e economia de combustível com preço sugerido a partir dos R$ 22 mil.
A chegada dessas opções certamente vai induzir outros fabricantes a oferecer produtos equivalentes ou, na imediata falta deles, contra-atacar reduzindo valores de motos de características aproximadas, ampliando o naipe de escolha do consumidor.
Porém, tão importante quanto essas novas opções e a perspectiva de poder ter nas mãos motocicletas melhores, mais potentes, maiores e mais seguras (toda a nova linha 500 da Honda tem freios ABS como opcional), vale lembrar do contraponto do “menos é mais”. E pensar no uso da motocicleta de maneira racional, escolhendo o modelo de acordo com as reais necessidades.
Pode ser muito tentador para nosso ego de motociclista sermos vistos montados em poderosas 500 ou até mesmo nas 1000 cc mas... Para que mesmo? Se o uso for essencialmente urbano, em trajetos curtos e condições de tráfego complicadas, nada melhor do que usar uma boa motoneta de 100 cc ou menos, certamente com a melhor relação custo-benefício para a situação, e genuína representante do racional conceito do “menos é mais” – e melhor!

Por Roberto Agresti para o G1


Lobo, pilotando no Atacama.

Boas estradas!
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